A Metacognição e Educação: um caminho possível e significativo
- imprensa
- 13 de fev.
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Karine de Oliveira Lunardi
Pedagoga, Psicopedagoga Clínica e Institucional e Mestre em Educação nas Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí – Atualmente é Coordenadora da Educação Continuada na Secretaria de Educação, Cultura, Turismo e Desporto da Prefeitura Municipal de Santa Clara do Sul-RS, E-mail: karinelunardi@yahoo.com.br
Com o ano letivo iniciando a problemática da Educação e seus processos de ensino e aprendizagem entram na pauta de muitas famílias e equipes pedagógicas.
Após o período das férias escolares e o efetivo início das aulas é bom estarmos atentos para o caminho a ser percorrido no ano letivo de 2025. Todos envolvidos com a educação, quer sejam famílias ou escolas desejam um ano profícuo, repleto de descobertas e alegrias entre o ensinar e o aprender.
A Metacognição pode ser uma via desse percurso rumo ao sucesso, considerada como um convite a pensar e repensar sobre o processo de aprendizagem e conhecimento, ela também se refere a tomada de consciência: saber o que sei, o que ainda não sei e tenho limitações; autorregulação: considerar meu erro como uma oportunidade de refazimento; monitoramento: avaliar o quanto já me superei, estou melhorando e o conhecimento sobre o conhecimento: autoconhecer e buscar sempre novas informações e relações sobre o que quero aprender, visando um melhor e mais autônomo aprendizado.
A Metacognição pode ser utilizada com todas as faixas etárias, desde que sejam respeitadas as especificidades da criança e do seu período escolar. Para as crianças da Educação Infantil, por exemplo, é importante que seus objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, prescritos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), estejam alinhados a necessidade da autorregulação, é uma etapa escolar em que as crianças precisam conviver, brincar, expressar-se, participar, explorar e conhecer-se, o educador será o mediador das ações pedagógicas na escola e a família será o alicerce seguro dessas aquisições cognitivas para os pequenos diante do até então desconhecido.
No Ensino Fundamental, segunda etapa da Educação Básica, o foco está mais nos processos de leitura, escrita e cálculo, nesse momento é importante salientar que para todos nós aprender leva tempo e exige de cada um condições biológicas, ambientais e afetivas. O início de uma rotina com hábitos de estudo, revisão dos conteúdos curriculares em casa é primordial para uma base saudável de êxito escolar. Aliar os conhecimentos com uma motivação intrínseca das crianças fará com o que está sendo estudado passe pela memória em suas três etapas:
- Aquisição: contato com a informação;
- Consolidação: relação do sono com funções neuroquímicas; e
- Evocação: tentar se lembrar das informações, ajustá-las para que o seu nível de processamento seja mais profundo e significativo.
Ausubel, psicólogo norte-americano, em suas proposições aborda que são necessárias duas condições para haver uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar, o aluno precisa ter uma disposição para aprender: se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo de forma arbitrária, a aprendizagem será mecânica podendo facilmente ser esquecida. Em segundo lugar, o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo, fazendo relações com seus conhecimentos prévios.
Diante disso, a Metacognição considera como fator mais importante no sucesso da aprendizagem o que você pensa, enquanto estuda. Outros fatores também são relevantes, todavia manter o foco, a concentração no momento do estudo faz toda a diferença, caracterizando assim uma aprendizagem prazerosa e eficaz.
Nesse contexto o Governo Federal promulgou a lei nº 15.100, de 13 de janeiro de 2025, que regulamenta o uso de dispositivos eletrônicos portáteis, inclusive celulares, por estudantes em instituições de educação básica. Com foco na promoção da saúde mental, física e emocional de crianças e adolescentes, o documento apresenta orientações práticas para a aplicação da legislação e a incorporação de boas práticas pedagógicas.
Essa lei está em consonância com os preceitos da Metacognição e Aprendizagem Significativa no intuito de criar um ambiente escolar mais equilibrado, reduzindo distrações, fortalecendo a convivência social e assegurando o uso pedagógico das tecnologias. Também enfatiza a necessidade de abordar o sofrimento emocional causado pelo uso excessivo de dispositivos e pela exposição a conteúdos inadequados.
Aos adolescentes e jovens do Ensino Médio, todo esse processo da Metacognição pode ser realizado por eles mesmos, fazendo uma autoavaliação do seu desempenho escolar. Cabe salientar que todos nós aprendemos do jeito que quisermos, ou seja, é preciso que cada um descubra o próprio estilo de aprendizagem, quer seja lendo, ouvindo, fazendo resumos, mapas mentais entre outros.
De acordo com Lent (2019) a Neurociência revela mecanismos e processos cerebrais envolvidos na aprendizagem, e pode propor sugestões para facilitar ou acelerar a aprendizagem. A questão dos estímulos contribui para o ensino e conhecimento, onde um bom período de sono durante a noite e a soneca depois do almoço são reconhecidos como elementos positivos para a aquisição da memória. O exercício físico é outro elemento positivo, pois além de possibilitar também aprender a focar a atenção, resulta em maior neurogênese (geração de novos neurônios) no hipocampo, uma parte do cérebro relacionada à memória.
Vejamos algumas dicas metacognitivas importantes para potencializar o aprendizado que você precisa considerar ou auxiliar seu filho:
- Estabelecer conceitos com significado;
- Períodos de espaçamento (pra memória se consolidar);
- Ter o foco em uma tarefa de cada vez;
- Separar informação de relevante e irrelevante;
- Formar um grupo de estudo;
- Fazer resumos;
- Fazer perguntas a si mesmo; e
- Fazer conexão entre os fatos.
(LOCATELLI, 2014)
A evolução humana é marcada pela premissa histórico e social, acontece por meio do trabalho, da atividade criadora e da atividade produtiva.
Os avanços da Ciência e novos estudos na área da Educação contribuem para a atualização da práxis pedagógica de professores, mas por si só não garantem resultados satisfatórios, o desejo de aprender e de ensinar deve ser intrínseco a ensinantes e aprendentes.
A mente humana é capaz de fazer leituras bastante profundas de aspectos aparentemente insignificantes, mas que certamente têm um grande poder de produzir profundo significado.
Famílias, escolas e equipes pedagógicas articulando saberes e fazeres irão trilhar um ano letivo vitorioso, meu desejo como Coordenadora da Secretaria da Educação também é esse. Então, bons estudos!
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 15.100, de 13 de janeiro de 2025. Dispõe sobre a utilização, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais nos estabelecimentos públicos e privados de ensino da educação básica. Brasília, DF: Presidência da República
LENT. R. O cérebro aprendiz, neuroplasticidade e educação. Editora Atheneu, 2019.
LOCATELLI, S. W. Tópicos de Metacognição: como ensinar e aprender melhor. Editora Appris, 2014.

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